quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Surpresas - boas, outras nem tanto

Oi, pessoal!
Nesses dez dias aconteceu de tudo. Ou, de um tudo, como diria uma mineira. Aliás, o texto de Drummond sobre o jeito de falar das mineiras é delicioso. Recebi de Cacá, lá das Geraes.
Mineira não sou, mas poderia ser. Ou já fui. Amo as montanhas de Minas, a comida, as estradinhas de terra... Tiradentes. Milho Verde. Três Marias.E, claro, a gente de Minas. Fora uns e outros, mas são minoria.
Mas, voltando à vaca fria, descobri porque se joga taco fora. A mão de obra de raspagem e resina é de, no mínimo, R$ 11,00. Vejam, não estou falando de limpar o piche, colocar o bendito taco. Só de dar acabamento. E um piso "ecológico", colocado, na L.Merlin está por menos de R$ 50. É, tem que ter muita vontade de reciclar pra encarar algumas coisas. Mas, se não der certo para o piso, tenho madeira para o eco fogão para um século.
Meu poço está praticamente pronto. Fiz. Não teve jeito. O córrego está contaminado, pelo laudo da CAESB. Vou reaproveitar toda a água, captar a da chuva, infiltrar a enxurrada, usar fossa ecológica. Mas não dá para arriscar. Eu sozinha, até me submeteria a esse risco, mas com minha mãe, filha, cadela, secretária, não vai dar para contar só com a água da chuva. Com o tempo, vou construindo os reservatórios, mas já sei que precisaria estocar uns 500 mil litros para suportar o periodo de estio, se considerarmos que se trata de uma chácara de vinte mil metros, com risco de queimada, mesmo com acero. E que a horta e as frutíferas vão precisar de rega e, mesmo que eu use micro-aspersão, isso exige uma reserva razoável.
Eu já tinha pensado nisso, na quantidade de água que consumimos, procuro ser racional em casa, aquelas coisas pequenas mas que nem todo mundo faz - manter a torneira fechada enquanto escovo os dentes, desligar o chuveiro para passar o shampoo, não usar a mangueira para varrer a calçada, etc. Mas estou estupefata com a quantidade de água que sei que vou precisar para ter uma vida confortável numa área tão grande. Fico imaginando aqueles pivôs da agricultura, ou mesmo o povo abrindo poço e ligando aspersor e bomba para molhar a grama... é preocupante.
Bom, a Armação já tem luz e endereço. O número é... 13.
Também já sou a nova associada da entidade de moradores. Gostei da energia do lugar.
Aliás, me apaixonei pelo vizinho de frente, um gaúcho gentilissimo e pela garota da associação, que simpatia.
Ele me cedeu água para a abertura do poço e ela me recebeu com abraços e sorrisos. Muito dez.
Agora, a maior doçura da semana foi ver a quantidade de flores que brotou em menos de 30 dias, no lugar em que abri a estradinha de acesso, com 5 metros de largura, por 100 de comprimento. É inacreditável que, sem chuva, o cerrado tenha feito esse milagre. Deu uma dor no coração ver os caminhões da perfuração do poço entrando e esmagando as pobrezinhas. Mas já sei que elas voltam e logo.
Deixo as fotos para vocês, em seguida.
Outra descoberta d-e-l-i-c-i-o-s-a: analisei a lista das espécies e árvores identificadas na área de intervenção (fora da Reserva Legal e da Área de Preservação Permanente) e vi que a Armação tem, nessa área de pouco mais de um hectare, 21 espécies cuja ocorrência varia entre 1 e 5 indivíduos por hectare, em áreas analisadas de 10 hectares. Quer dizer, das 60 espécies mapeadas nessa área, 21 são quase raras. De algumas, tenho apenas um exemplar, mas já é bacana. Difícil? Ah, comprem o livro 100 Árvores do Cerrado, que eu ganhei do meu engenheiro florestal predileto - o Reinaldo - e vocês vão saber tudinho. Eu fiquei o dia inteiro, hoje, escaneando e importando as informações para o word, para fazer fichas resumidas para pendurar nas árvores. Vai ser muito legal quem for na Armação poder identificar as plantinhas e saber para que servem.
Nossa, Barbatimão... quando eu era criança, via o povo vender garrafada com essa planta para mulheres fazerem banho de assento. Agora, olhando o nome cientifico e "Usos" da medicina popular, descubro - é adstringente, anti-inflamatória, cicatrizante, serve para uretrite, úlcera, etc. etc. Descobri, ainda, que tenho lá uma tal Caraíba, cujas folhas podem ser usadas para fazer mate. Meus amigos chegados na cuia vão ter que experimentar. E as flores são comestíveis... cascas e raízes servem para gripe, são expectorantes. E que tem um tal de Lapachol, nela, usado para tumores. Já pensei nos furúnculos duma criatura que conheço.
Bom, é isso. Estou entusiasmada. Todo dia tem coisa nova. Bom demais.
Bye
Tânia

3 comentários:

O Sibarita disse...

Oi moça, taco só o meu, viu? kkkkkkk Valha-me Deus! kkkkkkkk

Tânia, tô dizendo, tô dizendo que você é retada! E não é que você continua trabalhando a mamãe terra?

Sempre lhe conheci assim, ei ai tem sapo? Lembra-se? kkkkkkkkkkkkkk

Pô fico super feliz em ver você assim na maior alegria fazendo merecidamente o que gosta e de maneira racional para preservar a natureza!

Sei não, viu? Essa é a mulher, faça fé! kkkk

bjs
O Sibarita

AriPipoca disse...

Mina, estou acomp0anhedo a obra passo a passo, não vejo a hora de conhecer o local.

Beijos
Ari

Eduardo Ramos disse...

Oi Tânia: coloquei uma mensagem nos seus e-mails. Quanto ao seu trabalho aí, só mesmo para quem é vocacionado!!! Brilhante!!!